ÍNDICE DE APENAS 4%
O Brasil produz 27,7 milhões de toneladas anuais de resíduos recicláveis, no entanto, apenas 4% dos resíduos sólidos que poderiam ser reciclados são enviados para esse processo.
Índice muito baixo, comparado a outros países com faixa de renda e grau de desenvolvimento similar ao país. Por exemplo, países como Chile, Argentina, África do Sul e Turquia, que apresentam média de 16% de reciclagem, segundo dados da International Solid Waste Association (ISWA). Em relação aos países desenvolvidos, o caminho a percorrer é ainda mais longo. Na Alemanha, por exemplo, o índice de reciclagem alcança 67%.
De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos 2021, divulgado pela Abrelpe, dos resíduos produzidos durante o período da pandemia da covid-19, nos anos de 2020 e 2021, os materiais recicláveis secos representaram 33,6% do total de 82,5 milhões de toneladas anuais de resíduos sólidos urbanos (RSU), entretanto, a fração orgânica permanece predominando como principal componente, com 45,3%, o que representa pouco mais de 37 milhões toneladas/ano.
Segundo a pesquisa da Abrelpe, os resíduos recicláveis secos são compostos principalmente pelos plásticos (16,8%, com 13,8 milhões de toneladas por ano), papel e papelão (10,4%, ou 8,57 milhões de toneladas anuais), vidros (2,7%), metais (2,3%) e embalagens multicamadas (1,4%).
A pesquisa também destacou, que os rejeitos, por sua vez, correspondem a 14,1% do total e contemplam, em especial, os materiais sanitários, não recicláveis. Em relação às demais frações, a sondagem mostra que os resíduos têxteis, couros e borrachas detêm 5,6% e outros resíduos,1,4%.
O que se observa com a pesquisa, é que a falta de reciclagem adequada do resíduo sólido tem gerado uma perda econômica significativa para o país. Em um levantamento realizado pela própria Abrelpe no ano de 2019, mostra que somente os recicláveis que vão para lixões levam a uma perda de R $14 bilhões anualmente, o que poderia gerar receita e renda para uma camada de população que trabalha com essa atividade.
Ou seja, embora o país tenha grande potencial para aumentar a reciclagem, diversos fatores mantêm esses índices estagnados, a começar pela falta de conscientização e de engajamento do consumidor na separação e descarte seletivo de resíduos. Também é preciso destacar a falta de infraestrutura das prefeituras para permitir que esses materiais retornem para o ciclo produtivo, com potencial de recuperação.
Na verdade, espera-se que com a criação do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/agendaambientalurbana/lixao-zero/plano_nacional_de_residuos_solidos-1.pdf) instituído pelo Decreto Federal Nº 11.043, de 13 de abril de 2022, um aumento crescente da recuperação de resíduos (foi estabelecido uma meta de 50% de aproveitamento em 20 anos), passando a valorizar por meio da reciclagem, compostagem, biodigestão e recuperação energética, o que representa um grande avanço se comparado ao cenário atual em que apenas 3% dos resíduos sólidos urbanos são recuperados.