Biogás cresce no Brasil

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O setor de biogás está se expandindo em ritmo acelerado no Brasil. A Associação Brasileira do Biogás (ABiogás) estima investimentos de R$ 60 bilhões em novas usinas até 2030, elevando a produção brasileira dos atuais cerca de 4 milhões de metros cúbicos diários – dos quais 10% são do derivado biometano – para 30 milhões de metros cúbicos por dia.

Atualmente, o Programa Metano Zero lançado pelo governo federal no fim de março e inclui linhas de crédito e desoneração tributária para projetos do setor. A iniciativa, que ajudará a reduzir as emissões de carbono, foca no aproveitamento dos resíduos urbanos (aterros sanitários) e orgânicos (oriundos da criação de animais e da produção de cana-de-açúcar).

Empresas já situadas no Brasil, são exemplos de quem aposta firme em negócios no setor. Um exemplo, é a empresa Geo Biogás & Tech, que já tem três projetos em parceria operando e vai chegar a 2024 com pelo menos oito grandes operações de biogás e/ou biometano.

Além das diversas parcerias, o setor de biogás também se movimenta em outras direções, como fusões e aquisições. Na verdade, a partir do fim da década de 1990 e início dos anos 2000 houve uma nova fase do desenvolvimento de novos projetos de biogás no Brasil.

Essa etapa foi impulsionada pelo Protocolo de Kyoto, acordo firmado entre os países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) para mitigar, remediar e reduzir os efeitos das mudanças climáticas, causados pela produção de resíduos e a emissão de Gases do Efeito Estufa (GEEs).

Para reduzir a emissão de GEEs foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que possibilitava que países desenvolvidos pudessem compensar suas emissões de GEEs comprando Certificados de Emissões Reduzidas (créditos de carbono) de outros países.

No Brasil, esse mecanismo incentivou o desenvolvimento de vários projetos de biogás. Entre eles o do uso de biodigestores lagoa coberta (inicialmente intitulados como biodigestor modelo canadense) aplicados principalmente na suinocultura que foi bastante difundido na região sul do Brasil, desenvolvido pela Embrapa Suínos e Aves.

Em 2018, a Embrapa colocou em operação uma Unidade de Produção de Biometano para uso veicular. Essa unidade, localizada nas dependências da Embrapa Suínos e Aves, em Concórdia, foi a primeira em Santa Catarina e uma das primeiras no Brasil nessa escala para uso como combustível veicular. Depois de passar pelo processo de dessulfurização e purificação, o biometano é usado para abastecer um dos veículos da frota do centro de pesquisa.

A vantagem da tecnologia da Embrapa é que o processo de purificação é biológico, ou seja, a remoção do gás sulfídrico (H2S) ocorre por meio da ação de bactérias oxidadoras de sulfeto, sem a necessidade de uso de insumos. O processo utiliza o próprio efluente do dejeto suíno e gera enxofre elementar, que pode ser usado como fertilizante.

O Sistema de Tratamento de Efluentes da Suinocultura é o resultado de pesquisas iniciadas em 2010 e inova ao combinar processos biológicos e químicos para remover conjuntamente carbono, nitrogênio e fósforo, gerando água que pode ser reutilizada, energia elétrica e fósforo fertilizante.

Os efluentes da suinocultura, resultantes de uma produção intensiva, são um grande desafio para as propriedades, especialmente porque muitas não possuem área agrícola para utilizá-los como biofertilizante. Ao serem descartados, esses resíduos apresentam um elevado potencial poluidor para o meio ambiente.

De modo geral, para solucionar essa questão, a Embrapa tem atuado com uma rede de parceiros com o objetivo de gerar ativos tecnológicos para a cadeia do biogás, desenvolver programas de melhoria técnica, colaborar com informações que vão subsidiar a capacitação, padronização de processos.

Fonte: https://tratamentodeagua.com.br/embrapa-e-pioneira-na-pesquisa-em-biogas-e-biometano-no-pais/

https://tratamentodeagua.com.br/biogas-tem-crescimento-em-ritmo-acelerado-no-brasil/